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Aquário 6

Aquario 6

Aquário nº 6

Estuário - afluentes

Já estamos no estuário. Os peixes que descrevemos até agora podem ser encontrados no estuário, embora sejam peixes de água doce. O estuário é a zona do rio em que se sente a influência da maré, e esta influência é sentida quer em termos físicos, ou seja, o nível da água sobe e desce, quer em termos químicos. A influência química está relacionada com a chegada da água salgada. Quando a maré começa a subir, a maior parte dos dias do ano, a água do mar entra no rio. Só não acontece isso quando chove muito, quando existem fortes caudais.

A água do mar, a chamada cunha salina, normalmente chega à ilha da Boega, há volta de 8/9 Km.

Na zona do estuário, desde de Cerveira até Valença, existe essencialmente água doce, só em situações mais extremas, no verão, com marés vivas é que a água salgada pode chegar à ilha da Morraceira, um pouco mais. Por isso é que encontramos peixes de água doce no estuário.

Neste aquário podemos observar peixes mais pequenos, como por exemplo, o peixe mosquito ou o Gambusia. Também é uma espécie exótica e foi introduzida em muitas zonas onde existe a malária. A malária é transmitida ao Homem pela picada do mosquito. É um dos exemplos em que a introdução de uma espécie exótica teve um objetivo. Como é uma espécie que se alimenta de larvas de mosquito, foi introduzido nas zonas onde existe malária para tentar diminuir a população de mosquitos. Outra curiosidade em relação a esta espécie é que é o único peixe do rio Minho em que podemos distinguir os machos das fêmeas, têm dimorfismo sexual. Nas outras espécies não é fácil distinguir. Muitas vezes só é possível distinguir no momento da reprodução. Algumas espécies mudam de cor. Por exemplo, o macho do esgana-gata muda de cor na altura da reprodução, fica com o ventre alaranjado. Uma enguia, até aos 25 cm não tem o sexo definido. Em termos histológicos tem a presença de gónadas masculinas e femininas no seu organismo. Pensa-se que as condições do meio determinam o sexo. Em situações de stress, por exemplo no estuário que constitui um ambiente mais agressivo, com constantes mudanças físicas e químicas, maior competição pelo alimento, existe maior proporção de enguias macho. Nas zonas mais a montante, onde podem crescer em ambientes mais calmos, onde existe menor densidade populacional, há maior proporção de enguias fêmeas. Entre os 25 e 45 cm não é possível distinguir uma enguia macho de uma enguia fêmea com base na observação morfológica. Apenas sacrificando o animal e observando as gónadas. As enguias maiores que 45 cm são fêmeas porque os machos não crescem mais do que 45 cm. A fase em que as enguias começam a preparar-se para migrar para a zona de reprodução existem dois grupos completamente distintos. Quando observamos uma enguia com olhos grandes, ventre prateado e com um tamanho até 45 cm, podemos quase assegurar que é um macho. Se observamos uma enguia de 60/70 cm é uma fêmea.

No caso do peixe mosquito , do Gambúsia, a diferença é morfológica e visível na barbatana anal, a barbatana que está junto ao orifício urogenital. No caso das fêmeas, a barbatana tem a forma de um triângulo e no caso dos machos é em forma de agulha, uma espícula. É uma espécie ovovivípara, ou seja, os descendentes desenvolvem-se no ventre da fêmea. Nesta espécie a fecundação é interna ao contrário da maior parte dos peixes que é externa.

Depois temos a esgana-gata. Também é uma espécie muito sazonal. Tem um ciclo de vida relativamente curto. É uma espécie nativa, come pequenos invertebrados, reproduz-se na primavera, à semelhança da Gambusia (Peixe‑mosquito), vive no meio das raízes e das plantas, em que encontra alimento e se protege dos predadores.

Outra espécie que existe neste aquário é o verdemã do norte. É mais comprido, tem barbilhos, e encontra-se muitas vezes enterrado na areia porque é uma das estratégias em termos de alimentação. Ele come invertebrados bentônicos que andam no fundo da areia. Ele ingere a areia e depois expele pelas branquias a areia e retém o que lhe interessa, o alimento. Foi uma espécie que também foi translocada para este rio, aparece aqui nos anos 90. Também, à semelhança do góbio, é usado como isco vivo para pescar achigãs. Ele existia nas outras bacias hidrográficas e nos anos 90 chegou aqui ao rio Minho. Passou a ser mais visível na zona baixa do rio após as cheias de 2000/2001 que aconteceram neste rio. Anteriormente estava referenciado na zona de Tui, numa pequena área, Depois das cheias encontrou também aqui condições ótimas para crescimento e agora é comum encontrá-lo nestas zonas mais baixas do rio.

Em relação às espécies exóticas é importante não esquecer que quando temos animais exóticos em casa, que se compram nas lojas (tartarugas, cágados, peixes, etc), quando não os quisermos mais, devemos entregá-los num sítio que os recebam. Nunca devemos libertá-los porque o que está a acontecer ao longo destes anos, é que os rios, as bacias hidrográficas começam a ficar como que homogeneizadas em termos biológicos, começam a ser muito iguais entre si.

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