Peixe do Trimestre – “A lampreia”: Exposição online entre janeiro e março
Dadas as condicionantes provocadas pela pandemia Covid-19, com o novo confinamento geral, o Aquamuseu do rio Minho disponibiliza online a informação relativa à exposição do trimestre que, à semelhança dos anos anteriores, é dedicada à Lampreia do Rio Minho.
A lampreia marinha distribui-se nos dois lados do Atlântico Norte, estando presente na América do Norte e Europa. No Norte da Europa a ocorrência é esporádica e rara (Noruega), assim como começa a ser igualmente rara a migração nos rios da Europa Central. No Oeste da Europa encontram-se as populações mais abundantes de lampreia, que entram nos grandes rios que desaguam no Atlântico: em França, o rio Loire, o rio Dordogne, o rio Gironde, o rio Garonne, entre outros. Na Península Ibérica é igualmente muito comum, sendo, no entanto, cada vez mais difícil a sua migração para a cabeceira dos rios. No mar Mediterrâneo, a lampreia é menos abundante.
A lampreia tem o corpo anguiliforme, boca em forma de ventosa, sem escamas e sem barbatanas pares? Possui sete orifícios branquiais e um orifício nasal na parte superior da cabeça. O esqueleto é cartilagíneo. Cor preta ou acastanhada com um amarelo esbatido na parte posterior e amarelada na zona ventral. É uma espécie anádroma (migra do mar para o rio, para a postura) que pode atingir um comprimento superior a um metro e pesar cerca de 2,5 Kg, podendo viver até aos 9 anos de idade.
No rio Minho, a lamepreia realiza a sua migração para a postura, entre dezembro e junho. Durante esta migração, não se alimenta e geralmente morre após a reprodução. Fixam-se a pedras com a ajuda do disco bucal e o macho escava um buraco na areia, no qual são depositados, pela fêmea, entre 60 000 a 300 000 ovos de cerca de 1 mm de diâmetro. As larvas (amocetes) vivem em água doce, durante um período que se estima entre 3 e 5 anos, alimentando-se de detritos e microrganismos. Após a metamorfose, descem o rio até ao mar (entre janeiro e março), vivendo de uma forma parasita, alimentando-se de sangue de peixes como o salmão, a truta, o sável, entre outros.
A lampreia é uma espécie autóctone. Tem sofrido ao longo dos últimos anos uma perda de habitat resultante da progressiva construção de barragens. No rio Minho, o percurso principal de migração é de cerca de 70 Km, até à barragem de Frieira. A alteração de caudais afeta os locais de postura.
Os registos oficiais conhecidos sobre a captura de lampreia, iniciaram-se em 1914. O valor mais alto, registado pelos pescadores portugueses, aconteceu em 2009, com 55930 lampreias, o que correspondeu a um valor económico superior a 100 000 €.
Entre os vários peixes migradores que são pescados no rio Minho, a lampreia é o que mantém um número considerável de efetivos.
No rio Minho existem duas zonas distintas, em função das artes de pesca utilizadas, e que estão sujeitas a dois períodos de pesca diferentes:
- Entre a extremidade a jusante do grupo de ilhas do Verdoejo e o mar - de 01 de janeiro a 15 de abril
Arte de pesca - lampreeira
- Nas pesqueiras a montante da Torre de Lapela – das 8h00 de 15 de fevereiro às 8h00 de 16 de maio
Artes de pesca - Botirão e cabaceira
Ditos sobre as lampreias
- “Ano de cheias, ano de lampreias”
- “A lampreia tem a boca feia”
- “A lampreia, em abril, p’ra mim; em Maio, pr’ó ano; no S. João, p’ró cão”
- “Lamprea e salmón, pola Pascua en sazón, despois non”
- “Marzo, lampreagem”
- “Cuando está de mormaceira, pica a lamprea”