Analisadas potencialidades para criação de stock reprodutor de sável no rio Minho
No âmbito do projeto MigraMiño-Minho, em colaboração com o CIIMAR e Consellaria do Medio Ambiente da Xunta de Galicia, estão a ser avaliadas as potencialidades para a criação de um futuro stock reprodutor de sável no rio Minho. Considerado um grande desafio dada a sensibilidade da espécie, o objetivo é manter vivos em cativeiros os exemplares provenientes, quer da colaboração com pescadores desportivos, quer da escada para peixes da barragem de Frieira.
De sublinhar que este peixe migrador foi o que mais sofreu com a progressiva construção das barragens no rio Minho. Espécie que não utiliza os afluentes como habitat de recurso para a reprodução, o sável limita-se ao curso principal, sendo que encontra áreas para a reprodução na parte superior do rio Minho internacional. Contudo, a perda de habitat foi brutal e possivelmente aumentou a probabilidade de produção de híbridos, dadas as condições de sobreposição de áreas de postura com a savelha (Alosa fallax), que se verificam no rio Minho.
Entre 1914 e 1965, os valores oficiais de captura dos pescadores portugueses de sável reportaram um valor médio anual de 61 000 indivíduos. Entre 1966 e 2017, estes valores diminuíram para valores médios anuais de 1 800 indivíduos, o que correspondeu a uma diminuição aproximada de cerca de 97%. Parece haver uma relação próxima com a progressiva construção das barragens na bacia do Minho no século XX e a redução do stock (figura 1). A variação interanual da abundância é uma evidência para as espécies migradoras, no entanto, atendendo à situação atual da população e ao facto de ser uma espécie com evidências de homing no seu ciclo de vida, a perda de área e qualidade do habitat, a hibridização com a savelha e as alterações climáticas colocam esta população, apesar de ainda funcional, numa posição muito vulnerável quanto ao futuro.
Desta forma, e integrada na Ação 2, da Atividade 3 do projeto MigraMiño-Minho, estão a ser avaliadas as possibilidades para a futura criação de um stock reprodutor de sável (Alosa alosa) do rio Minho, caso num futuro próximo o repovoamento, à semelhança do que acontece com o salmão, seja uma medida a implementar.